segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Versos Soltos


Versos Soltos

De quadras e tercetos
Não são só sonetos
Mas tenho versos soltos
Nestes meus panfletos

Soltos no amor solto
Soltos no trabalho completo
Soltos no olhar discreto
Soltos no pensar perfeito

Cada verso solto no verso
Da quadra ou terceto é um verso
É seu soneto no meu universo

Deixo soltos os versos que faço
Pois não chegam até ao paço
Onde os versos não têm poço

Luanda, 11 de Dezembro de 2006

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A paz social que Angola precisa


A paz social que Angola precisa

Angola vem percorrendo caminhos longos na busca da paz e do reencontro consigo mesma, como nação justa, solidária e próspera. A conquista da paz e da independência tem sido de imenso sacrifício de todos os seus melhores filhos, alguns contribuindo com as suas próprias vidas.

Os frutos da paz e da independência deviam ser abrangentes para todos os filhos desta terra, gerando estabilidade política, económica, social e cultural, erradicando a pobreza, a fome, o analfabetismo e demais males decorrentes da colonização e das guerras subsequentes aos acordos de Alvor, Bicesse e Lusaka.

Volvidos 34 anos de independência e 7 da assinatura dos acordos de paz do Luena, os angolanos esperam que a paz seja um factor de estabilidade para todos, um instrumento para a democratização plena da sociedade, para a reconciliação nacional e a realização de cada um e de todos, pois a essência da paz não é só o calar das armas, mas sim ter uma sociedade sem exclusão social à escala do que se assiste nos dias de hoje.

Os ex-militares de todos os exércitos que o país teve, as viúvas, órfãos, deficientes, idosos e demais camadas vulneráveis da sociedade, devem merecer atenção do Estado com um fundo de pensão e políticas de reinserção justas e realistas, que façam esquecer o peso da sua invalidez, ou a sua condição de excluídos. Estes sim, representam uma camada sensível na manutenção e consolidação da paz social. Muitos deles perderam os seus ente-queridos, os seus órgãos e o seu tempo de juventude ou de formação na luta pela independência e conquista da democracia.

Para manter a paz social, é preciso igualmente institucionalizar politicas educacionais e de emprego abrangentes para os jovens hoje desempregados, muitos dos quais refugiam-se na delinquência, drogas e prostituição, para além dos que aparecem nas ruas a mendigar para o seu sustento.

A paz social resultará tanto da paz política, como da justiça económica e social. A paz política será alcançada através do aprofundamento da democracia e da melhoria da sua qualidade; e será mantida por via de eleições democráticas regulares, imparciais e transparentes, que conferem legitimidade política aos governos assim eleitos; a justiça económica e social será alcançada por via da implementação das medidas de política económica e social séria.

Ao aprofundar a democracia, o Governo deve aprofundar os alicerces da paz, fundada na legitimidade incontestável dos governos; porque é a democracia real, plural e imparcial, e não a democracia tutelada, que confere legitimidade política aos governos. Ao reformar e praticar a justiça económica e social o Governo estará a fazer florescer a paz, porque é a justiça que promove a paz.

A paz será, pois, promovida pelo Estado, através de medidas activas para garantir a justiça social, tornando iguais os desiguais; através do respeito escrupuloso pelos direitos humanos como direitos intransponíveis que não provêm de uma generosidade do Estado, mas das mãos de Deus; através da realização justa dos direitos económicos da criança, da juventude e de todos os cidadãos.

A paz será promovida e sustentada, não como uma dádiva, mas como um “direito humano” de todos os angolanos.