terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Terra do Kuito
Terra do Kuito
A minha é esta
Que se chama Angola
Ninguém a detesta
Porque ela é bela
Terra do Kuito
E do Lobito
É toda bela
E morro por ela
Seu ambiente
É muito quente
Também comove muita gente
Terra de bons sítios
E muitos precipícios
Ainda clama por mais sacrifícios
Luanda, 1 de Março de 2007
Poema de Emanuel Bianco, In "Versos Soltos - O Sentir de Um poeta II"
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Um Marco De Obediência
Um Marco De Obediência
I
A nossa Independência
Foi de muita resistência
Que por muita influência
Gerou também violência
De elevada referência
II
Colono não teve reverência
E na sua própria cadência
Destruiu nossa vivência
Dada a sua ganância
E falta de transparência
Criando em nós a renitência
De lutar pela nossa Independência
III
Com a nossa Independência
Esperamos benevolência
Paz, liberdade e democracia
Sem mais nenhuma influência
De gente com alguma demência
E mesmo sem inteligência
IV
Com a nossa Independência
Fruto da nossa resistência
De toda Angola solidária
Unida numa só pátria
Queremos paz, liberdade e democracia
Que acabe aquela autocracia
E o espírito de supremacia
V
A nossa independência
É para melhorar nossa vivência
E lembramos nossa resistência
Como um marco de obediência
Aos nossos valores sem influência,
De perseverança e persistência
Na conquista da nossa própria vivência
VI
34 anos de independência
É muita experiência
Para evitar mais influência
De quem estraga nossa vivência.
Reconciliar com eficiência,
Na harmonia e convivência,
E pacificar cada consciência
É o que consolida a nossa independência
Poema de Emanuel Bianco
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Versos Soltos
Versos Soltos
De quadras e tercetos
Não são só sonetos
Mas tenho versos soltos
Nestes meus panfletos
Soltos no amor solto
Soltos no trabalho completo
Soltos no olhar discreto
Soltos no pensar perfeito
Cada verso solto no verso
Da quadra ou terceto é um verso
É seu soneto no meu universo
Deixo soltos os versos que faço
Pois não chegam até ao paço
Onde os versos não têm poço
Luanda, 11 de Dezembro de 2006
terça-feira, 13 de outubro de 2009
A paz social que Angola precisa
A paz social que Angola precisa
Angola vem percorrendo caminhos longos na busca da paz e do reencontro consigo mesma, como nação justa, solidária e próspera. A conquista da paz e da independência tem sido de imenso sacrifício de todos os seus melhores filhos, alguns contribuindo com as suas próprias vidas.
Os frutos da paz e da independência deviam ser abrangentes para todos os filhos desta terra, gerando estabilidade política, económica, social e cultural, erradicando a pobreza, a fome, o analfabetismo e demais males decorrentes da colonização e das guerras subsequentes aos acordos de Alvor, Bicesse e Lusaka.
Volvidos 34 anos de independência e 7 da assinatura dos acordos de paz do Luena, os angolanos esperam que a paz seja um factor de estabilidade para todos, um instrumento para a democratização plena da sociedade, para a reconciliação nacional e a realização de cada um e de todos, pois a essência da paz não é só o calar das armas, mas sim ter uma sociedade sem exclusão social à escala do que se assiste nos dias de hoje.
Os ex-militares de todos os exércitos que o país teve, as viúvas, órfãos, deficientes, idosos e demais camadas vulneráveis da sociedade, devem merecer atenção do Estado com um fundo de pensão e políticas de reinserção justas e realistas, que façam esquecer o peso da sua invalidez, ou a sua condição de excluídos. Estes sim, representam uma camada sensível na manutenção e consolidação da paz social. Muitos deles perderam os seus ente-queridos, os seus órgãos e o seu tempo de juventude ou de formação na luta pela independência e conquista da democracia.
Para manter a paz social, é preciso igualmente institucionalizar politicas educacionais e de emprego abrangentes para os jovens hoje desempregados, muitos dos quais refugiam-se na delinquência, drogas e prostituição, para além dos que aparecem nas ruas a mendigar para o seu sustento.
A paz social resultará tanto da paz política, como da justiça económica e social. A paz política será alcançada através do aprofundamento da democracia e da melhoria da sua qualidade; e será mantida por via de eleições democráticas regulares, imparciais e transparentes, que conferem legitimidade política aos governos assim eleitos; a justiça económica e social será alcançada por via da implementação das medidas de política económica e social séria.
Ao aprofundar a democracia, o Governo deve aprofundar os alicerces da paz, fundada na legitimidade incontestável dos governos; porque é a democracia real, plural e imparcial, e não a democracia tutelada, que confere legitimidade política aos governos. Ao reformar e praticar a justiça económica e social o Governo estará a fazer florescer a paz, porque é a justiça que promove a paz.
A paz será, pois, promovida pelo Estado, através de medidas activas para garantir a justiça social, tornando iguais os desiguais; através do respeito escrupuloso pelos direitos humanos como direitos intransponíveis que não provêm de uma generosidade do Estado, mas das mãos de Deus; através da realização justa dos direitos económicos da criança, da juventude e de todos os cidadãos.
A paz será promovida e sustentada, não como uma dádiva, mas como um “direito humano” de todos os angolanos.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A cultura de debate e a cábula de frases feitas
A cultura africana tem nas suas raízes ensinamentos valiosos que a tornam numa das mais ricas fontes da sabedoria. A filosofia bantu é rica em ditados, provérbios, fábulas, contos, lendas e mesmo realidades que nos tornam um povo capaz de prever, viver em harmonia e afastar todos os fantasmas da desconfiança e discórdia.
As línguas bantus servem de veículo principal para transmitir esses ensinamentos e no caso angolano são dezenas de idiomas falados e sentidos pelas suas gentes. No que respeita ao debate, o povo angolano tem na sua cultura o diálogo como fundamento para a solução de inúmeros problemas das suas comunidades. Diz o ditado em umbundo “O kambo ka li suñanha oko ka pama” – uma aldeia que se reúne regularmente é forte.
Trazemos esta abordagem a propósito da cultura de debates que nos países democráticos completa o leque da programação dos órgãos de comunicação social, mas também favorecem aos intervenientes e sobretudos os gestores de cargos públicos a apresentação das suas ideias, programas, argumentos e visão da sociedade.
Infelizmente em Angola temos um deficit de debates públicos sobretudo nos órgãos de imprensa estatais e por parte de dirigentes da esfera pública, bem como do partido no poder. Que o digam os jornalistas de alguns órgãos privados lançados em iniciativas de promover debates, quantas vezes receberam raspanetes dos dirigentes do estado e do partido que governa Angola, para não falarmos da abolição das transmissões em directo dos debates da Assembleia Nacional na TPA e RNA e a ausência de debate entre partidos ou candidatos na campanha eleitoral.
Como resultado deste deficit temos assistido aos poucos que se dignam faze-lo em nome do maioritário, o atropelar das normas de ética e de bem conversar, a insegurança nas posições defendidas e as justificações às vezes precipitadas de estarem nos debates, ou como académicos, ou juristas e não membros do MPLA.
Mas o mote dos representantes da corte nos debates foi dado no dia 24 de Setembro na TV Zimbo, onde os angolanos assistiram a uma palhaçada e demonstração de falta de civismo, ética e incoerência nos sues argumentos, deixando bem nítida a falta de cultura de debates no nosso país. Não querer ser interrompido e interromper o seu adversário em debate revela falta de ética.
Também ficaram evidenciadas as cábulas e frases feitas nos quase 10 quilogramas de livros trazidos da biblioteca do discípulo de direito torto, que, evocando artigos da actual constituição não deu conta que os mesmos eram faca de dois gumes, pois, quando foi a vez do seu adversário recorrer aos mesmos, dizia ser uma lei não exegética. Falou da recusa do resultado das eleições de 1992 como causa do conflito que deixou o país na anormalidade constitucional, mas negou falar da violação dos acordos de Alvor em 1975, como a principal causa do conflito angolano, já considerado por um sábio que sobre ele todas as partes foram responsáveis, culpadas e vitimas. Ninguém é o único detentor da verdade.
Voltando à lei que é o cerne da questão, fazemos uma pergunta: É ou não exegética? Se for serve para os dois casos e se não, também não serve para os dois casos.
A verdade é que os angolanos estão preocupados quando os constitucionalistas, juristas, académicos e conhecidíssimos líderes de opinião, desrespeitam as normas de um bom debate, exaltam-se descontroladamente e alinham na violação da lei mãe, querendo convencer que vai ser aprovada uma constituição à medida da nossa realidade. Que garantias teremos para a sua aplicabilidade e respeitabilidade, ver artigos 58º e 159º, já violados.
Que lições tiramos dos debates que temos assistido nos últimos tempos, num esforço reconhecido da TV Zimbo e de outros órgãos privados? As lições tiradas são: A falta de diálogo no seio do partido no poder, onde a proposta de constituição apresentada à Assembleia Nacional é diferente das posições defendidas pelo presidente do partido e da República.
A assunção de posições pessoais dos representantes aos debates descartando-se das responsabilidades da sua família ideológica, bem como o uso constante de citações, artigos, e frases lidas dos manuais académicos, ocupando um terço da mesa dos estúdios. Isto é sem sombra de dúvidas revelação da falta de cultura de debate de alguns fazedores da opinião pública angolana. Ou então por serem caloiros nestas lides precisem de ganhar mais tarimba e cabular um pouco mais nos livros da faculdade feita com muito sacrifício em terras lusas? A ver vamos. O certo é que, não aprendemos nada, não ouvimos nenhuma novidade, a não ser as cábulas e frases feitas de outros autores, deixando a nu a falta de cultura de debate.
Encorajamos mais debates e maior participação dos membros da esfera pública para renascermos na cultura do diálogo e do debate de ideias que fortificam a nossa vivência, como africanos e angolanos prontos a erguerem um país novo e igual para todos.
Fim
Por Castro Emanuel
sábado, 8 de agosto de 2009
Arte Bela
Arte Bela
Mais que divertimento
Um dom e um sentimento
Soltar as cordas vocais
Improvisar uma melodia
Cantá-la com instrumentos musicais
Arte bela cheia de harmonia
De gestos e muitos movimentos
Aliada ao som e ritmo
Nela também os sentimentos
Çoitar o que vem do intimo
Aqui também há arte
Pensar, escrever e declamar
Ouvem-se poemas d’admirar
Estrofes curtas, longas e ritmadas
Sendo sempre bem rimadas
Inspiram sentimentos profundos
Arte trazida de todos os cantos
Paciência e sapiência
Inundam a irreverência
Nos quadros e placas pintadas
Todos com as cores mais belas
Unindo o útil ao agradável
Rica arte e formidável
Aqui num tom admirável
Tem sempre humor
Encarna com fulgor
Arte cénica e visual
Teatro não é casual
Reflecte dom natural
Ostentando algo genial
E o quadro se completa
Sendo agora a vez
Como também se trata
Uma arte que já fez
Leitos de dinheiro e sucessos
Tudo pelos seus efeitos
Universais e maravilhosos
Ricos e portentosos
Algo da era da pedra
Poema de Emanuel Bianco, feito em Luanda, aos 11 de Dezembro de 2006, in O Sentir de Um Poeta -II
terça-feira, 16 de junho de 2009
Acidente na Baixa
Em plena luz do dia os cidadãos que frequentam a baixa de Luanda, testemunharam este acidente, do camião que embateu na parede do restaurante Nandos.
Tenho defendido que para ajudar a descongestionar o transito automóvel de Luanda é preciso conjugar várias medidas, entre elas a reabilitação e construção de estradas, a descentralização administrativa do estado e a regulamentação do horário de circulaçãoo de veículos longos e pesados de transporte de mercadorias, e um horário próprio para as operadoras de limpesa da cidade.
Para os veículos longos e pesados(camiões), sugiro que circulem em vias indicadas e em horas mortas, das 23h00 às 5h00, para evitar acidentes e bichas de engarrafamento, já que o espaço de um camião pode servir para 2 ou mais veículos ligeiros.
Esta é a minha pobre avaliação e contribuição, que pode encontrar resistência de quem decide, já que muitos dos veículos em causa estão ao serviço das suas empresas.
E o cidadão comum, chupa tambarino?
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Alguem conhece?
Este é o morro do Luvili, situado ao longo da estrada Huambo-Luanda, bem ai nas imediações do Alto Hama.
É um verdadeiro encanto turístico e está bem próximo das águas quentes do Alto Hama.
Como não encontrei uma fonte para me descrever qualquer dado sobre este morro, espero alguem ao visitar este blog, se tiver dados pode deixar nos comentários, ou enviar para o email: emanuelkapanda@yahoo.com.br.
Vale a pena ver.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
O agricultor
Nos últimos meses Angola tem estado a enaltecer o valor do sector agrícola para a diversificação da eocnomia nacional, e para dar respostas aos efeitos da crise financeira mundial.
Sei que muitos políticos e homens de bem da nossa sociedade alertaram sobre tal necessidade muito antes de se imaginar uma eventual crise mundial e proque diziam mesmo não ser bom que o país dependa apenas do petróleo. Eu confesso que também nunca entendi porque não investir na agricultura e valorizar o agricultor.
Tenho alguma prática de agricultura, o campo é minha paixão e ja vivi dos seus benefícios. Por isso, valorizemos o agricultor e o seu trabalho.
Quem passou alguma vez pelo Bailundo, conhece bem esta imagem da estátua do agricultor, representando as potencialidades das terras de Ekuikui.
sábado, 30 de maio de 2009
Rios Caudalosos
Este é o rio Queve. Nasce na província do Huambo, atravessa o Kuanza Sul e desagoa no Oceano Atlantico, há escassas milhas do Porto Amboim. Rio caudaloso que conheci quando tive apenas 7 anos de idade, nas imensas e intermináveis viagens dos tempos do conflito armado, ao lado de minha mãe e irmãos.
Conheci o Rio Queve nos arredores do Bailundo, numa travessia à canoa em meio de uma manhã fria. Um frio que fez-nos companhia durante a noite que antecedeu a travessia, por termos chegado na margem esquerda as 21 horas de um dia de Junho de 1982.
Até chegar aquela zona, vi durante a tarde da viagem, uma linda paisagem que o rio descrevia do alto das montanhas da então região 25, dos vales, anharas, pantanos e ribanceiras que seguiam seu caudal, que misturado com o brilho de um sol de cacimbo, parecia uma estrada aslfaltada que se perdia numa Angola naltura atormentada pelo ribombar dos canhões.
Queve está situado numa região que não escapa ao olhos de quem viaja de e para o centro sul de Angola. Voltei a atravessar o rio Queve a canoa, em 2001, na zona da Menga, uma localidade que fica situada entre a cerra do Kapali no Cululu, e o cruzamneto do Kassongue, por sinal nãoo muito distante da ponte na estrada Huambo Kuanza Sul.
A última vez que vi o rio Queve foi justamente nesta imagem, numa travessia a caminho do Huambo para a festa de fim de ano de 2007.
Como o Queve, vi outros rios cuadalosos nas 15 das 18 provincias de Angola, por onde passei e deles farei noutras ocasiões.
Que saudade.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
A cisangua
Contou-me o velho Benjamim Liwanhika, sobre a origem do termo Chissangua em Umbundu, uma bebida feita a base de água fervida com farinha de mliho para matar a sede e a fome.
De acordo com a narração do velho Benjamim, a bebida Chissangua foi assim denominada pelas velhas que a serviam aos hóspedes, caso a encontrassem, que em umbundu, língua materna do centro-sul de Angola dir-se-ia: te nda wa ci sanga- só se encotrares. Daí cisangua, que noutras regiões de Angola é conhecida por Kissangua, garapa , também semelhante ao maruvu da região norte.
No reino umbundu, a Chissangua pode ser fabricada com cana de açúcar, farinha de milho germinado(Songo ou sovo), Lupulo(mbundi), batata doce, mel ou açúcar para adocicar. Nalguns casos chega mesmo a tornar-se numa bebida alcólica, por fermentação dos ácidos e glicose, servida nos eventos(casamentos, aniversários e outras festas locais).
A Cisangua, pois em umbundu não se dobra o S, nem se usa o ch continua a ser uma bebida que alimenta bastante.
Lembra-me na época do cultivo levarmos bidons de 5L de Cisangua que aguentavam a maratona, antes do encerramento da jornada do campo. Antes e depois da refeição ela vem saciar a sede e a fome quando tem resíduos sólidos do milho partido(rolão), fazendo com que muitos substituam as refieções, ou a façam de café acompanhada de uma batata doce ou broa para o pequeno-almoço.
Em caso de malária, doenças diarréicas agudas e outras que deixam os organismos fracos, as velhas da terra(mães, tias, avós e outras) diante da recomendação médica de se ingerir muitos líquidos, aconselham a cisangua pelo seu valor nutritivo.
Os reservatórios mais usados são normalmente cabaças, muringues e bidons de 5 L com um tratamento apropriado. Para muitos, o Domingo é o dia favorito para ir visitar um parente e beber uma boa cisangua.
Quem me enviar a melhor Cisangua, terá prémio deste espaço www.kimboleitu.blogspot.com
Até lá
Bebam Cisangua com moderação.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Riqueza da cultura Angolana
"A nossa força está na nossa tradição e cultura" - fim de citação.
Por toda parte onde passo, nas viagens, no bairro, na cidade, na mata, nos cafés, cinemas, conferências, palcos, e outros, fico atento as manisfestações culturais e ao primeiro sinal delas, brota de mim uma sensação de conforto.
O nosso país em particular e a África em geral são ricos em valores culturais, desde os nossos ancestrais, valores estes que devem ser preservados.
A imagem do palhaço (kaviula do Huambo), na minha passagem para o fim de ano de 2007 nas terras de Wambu Kalunga, é uma prova desta riqueza cultural.
Quero fazer deste espaço um espaço de reflexãoo sobre os nossos valores culturais, onde são lidos contos da terra, divulgadas actividades e fotografias sobre a cultura.
Espero vos seja útil, contando com vossas críticas e contribuições.
"Kuata oko lu kuele, lika wove ci ku ponya" - A união faz a força, ou se quizerem, uma mão lava a outra.
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