quarta-feira, 10 de março de 2010

Zungueira, Mulher de luta


Rompe o sol e com ele o sofrimento de lutar por mais um dia de vida. Com ele rompe a incompreensão do fiscal do GPL que pretende pôr cobro à venda ambulante e em locais impróprios.
Com ele rompe também a incompreensão dos filhos e do marido, que esperam da sua venda a refeição do dia, a propina da escola e a renda de casa.
Corre ela atrás dos clientes, correm os fiscais atrás de si; “tá qui água, eh carapau eh…., arreou, arreou”, no seu chamamento peculiar. Assim é o seu dia-a-dia, perdendo produtos, mercadorias, o parco dinheiro e energia.
Sua companhia diária é a poeira, o sol, o suor, o porrete e o berro, porque faltam-lhe recursos e influência para ter uma bancada no novo mercado do São Paulo, Congolenses, Cacuaco e outros. E porque o “Nosso Super” não é dela, também só o vê pela janela.
Também vê pela janela o famoso Março Mulher, onde nem se quer prova uma colher, ou coisa qualquer do mês em que deve ser elevada.
Mesmo assim parte sempre pronta para a luta, para mais um dia de desafios, fruto das “malambas” da terra, onde a guerra tudo ensinou, tudo levou e nada deixou.
Sua luta faz dela a mulher mais sofrida de África, na “zunga”, as vezes xingada pelos munícipes, que por esta Angola inteira à ela devem a sobrevivência.
Da “zunga” o pão; da “zunga” o chicote ou porrete, o tiro e as lágrimas; Da zunga a música, os poemas e livros.
A mulher “zungueira” está todos os dias a reflectir uma realidade que devemos mudar, porque com ela, Angola pode melhorar e ver seus filhos prosperar.


Por Emanuel Bianco

terça-feira, 9 de março de 2010

Valente mulher




I
Muito querida, mas sempre sofrida
Muito amada, mesmo oprimida
Foste, és e serás sempre valente
Mulher que me faz contente
II
De Eva à virgem Maria
Sem saber o que viria
Valeste pela tua sabedoria
Que nos deu sempre alegria
III
Valente mulher de voz valente
Tua luta pela emancipação é valente
Teu direito reclamado está patente
Em todo o ser humano vivente
IV
Teu mérito de mulher persistente
Está patente na nossa história recente
Da caridade, e coragem valente
Na luta pela liberdade premente
V
No lar, no ensino, na saúde e em fim
Teu amor está sempre presente
No campo ou na cidade sempre valente
Mesmo não podendo dizer sim
VI
És valente pelos inúmeros feitos
De Indira Ghandy, Chamorro e Tatcher
Ginga Mbandi, Nacamela, Deolinda,
E aquela valente e desconhecida mulher
Com exemplos de resistência inesquecíveis
VII
Lutaste e venceste em Angola e no Mundo
Sofreste pela dignidade de quem se fez mudo
Para te negar a honra e a valentia de Mulher
Mãe, amiga, esposa, conselheira e dirigente
Que tudo fez para assim merecer
VIII
Valente Mulher está sempre presente
Na dor, na tristeza ou na alegria
Para devolver aquela harmonia
Dos lares, famílias e tudo envolvente

Luanda, 3 de Março de 2004
Por: Emanuel Bianco

segunda-feira, 1 de março de 2010

Igreja Evangélica refaz a sua história


O Secretário do Sínodo Provincial do Bié da Igreja Evangélica Congregacional em Angola, disse no dia 21 de Fevereiro que a Igreja está a refazer a sua história iniciada com a chegada dos primeiros missionários canadianos e americanos em Angola.

Estas declarações foram proferidas no acto fúnebre do Reverendo Pastor Henrique Ngola Samakuva, cujos restos mortais foram a enterrar na missão Evangélica da Chissamba, onde aquele pastor cumpriu com maior parte da sua carreira ao serviço da igreja até 1976.
Segundo o responsável da Igreja Evangélica no Bié, o reverendo Samakuva foi, é e será uma referência obrigatória da Igreja Evangélica em Angola, cujos feitos contribuíram para o crescimento da congregação e a formação de muitos obreiros da igreja e quadros que hoje servem o país em vários sectores da vida. “Como prova disto é a moldura humana que se deslocou até aqui para acompanhar o nosso pai a sua última morada. Nínguem foi convidado, mas congregou-nos todos aqui. Cumpriu com a sua carreira.” Fim de citação.

Acrescentou ainda, que a igreja está a refazer a sua história, lançando um apelo a todos os seus filhos, para que aqueles que trabalharam nas missões, no fim da sua vida fossem sepultados nos locais onde trabalharam, agradecendo a família do malogrado por ter aceite este apelo para sepultar o Reverendo Pastor Ngola na Missão onde trabalhou.

O acto fúnebre do Reverendo Pastor Henrique Ngola Samakuva foi marcado por um culto ecuménico na Catedral da Paz na cidade do Kuito, que foi pequena para os milhares de crentes, familiares, amigos e colegas presentes, idos de Luanda, Benguela, Huambo, Kuanza Sul, e Kuando Kubango para se despedirem do malogrado pastor, na manha do dia 21 de Fevereiro de 2010, seguindo préstito fúnebre para a missão da Chissamba onde foram sepultados os seus restos mortais.

Destaca-se entre os presentes o Vice-Governador do Bié, deputados a Assembleia Nacional, o enviado do Sinódo Geral da Igreja Evangélica Congregacional em Angola IECA, os colégios de Pastores do Huambo e Bié, bem como representantes outras confissões religiosas.

Henrique Ngola Samakuva faleceu no dia 19 de Fevereiro de 2010 na cidade do Kuito, vítima de doença. Nascido aos 3 de Junho de 1918 em Sahosi, município de Katabola no Bié, foi capelão do Hospital Missionário de Chissamba até 1976. Deixa viúva, 10 filhos, 40 netos e 12 bisnetos.